Sinopse do Espetáculo: A Comédia do Trabalho estreou no SESC Anchieta em 2000, depois de pré-estréias em assentamentos do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) pelo interior do Estado. A tragédia da miséria, da exploração de pobres por ricos, torna-se muito mais tragável ao público com os recursos cômicos exercidos pela Companhia.
Foi o espetáculo da Companhia do Latão de maior sucesso popular. Apresentada desde
Agraciado com a Bolsa Vitae 99 na área de pesquisa em criação dramatúrgica, o projeto de A Comédia do Trabalho foi desenvolvido em ensaios dos quais participaram estudantes de teatro, em oficinas realizadas na Oficina Cultural Oswald de Andrade,
A montagem estreou no Teatro Sesc Anchieta, após uma série de pré-estréias realizadas pelo interior do estado e no assentamento do MST
É a peça de maior sucesso popular da Companhia do Latão, tendo sido encenada por diversos elencos em quase 300 apresentações, sendo vista por um público de aproximadamente 70.000 pessoas.
A Companhia do Latão é um grupo teatral de São Paulo interessado na reflexão crítica sobre a sociedade atual. Seu trabalho inclui espetáculos, atividades pedagógicas, a edição da revista Vintém, bem como uma série de experimentos artísticos.
A origem do grupo está ligada à montagem de Ensaio para Danton (1996), livre adaptação do texto A morte de Danton, de Georg Büchner, com direção de Sérgio de Carvalho.
No ano seguinte, o diretor reúne uma equipe em torno do projeto Pesquisa em teatro dialético, para a ocupação do Teatro de Arena Eugênio Kusnet,
A experiência deu origem ao espetáculo Ensaio sobre o latão (1997). Em
Entre 2001 e
A reflexão sobre formas de desmontagem ideológica, capazes de perturbar a confiança na narrativa cênica, marca a dramaturgia do período, influenciada também pela leitura de Machado de Assis. Em torno dos processos de manipulação e alienação da indústria cultural se constrói a forma teatral de O mercado do gozo (2003), sobreposta ao tema da prostituição, dos paraísos artificiais e do aburguesamento da cidade de São Paulo no início do século 20.
Em paralelo às grandes montagens, a Companhia do Latão realiza uma série de experimentos mais curtos, às vezes na forma de leituras cênicas, em ocasiões comemorativas: Lorca, Dali, Buñuel (apresentado no centenário de nascimento de García Lorca, 1998), Homenagem aos trabalhadores de Eldorado dos Carajás (2000, na exposição Êxodos, de Sebastião Salgado), Ensaio da Comuna (2001, nos 150 anos da Comuna de Paris), O grande circo da ideologia (2001 e 2003, no Fórum Social Mundial), entre outros. Alguns desses experimentos se tornam encenações de maior repercussão, sendo reapresentados diversas vezes. João Fausto (1999), baseado no libreto de Hanns Eisler, feito a convite do Instituto Goethe de São Paulo, é uma sátira aos intelectuais com passado de esquerda realizada na forma de uma peça-conferência. Valor de troca (2002), baseado numa notícia de jornal em que uma moça é estuprada por policiais é um experimento musical que reflete sobre o discurso da justiça e suas categorias ideais. Seria depois exibido na televisão, numa reescritura de 2007.
Com o apoio do Instituto Goethe, a Companhia do Latão realiza alguns importantes intercâmbios com artistas alemães, entre os quais Peter Palitzsch, colaborador de Brecht no Berliner Ensemble e Alexandre Stillmark, também oriundo do movimento teatral da Alemanha Oriental. Um desses trabalhos, ocorrido com o ensaísta Hans-Thies Lehmann, tem como tema a obra do dramaturgo Heiner Müller. Dá origem a Equívocos colecionados (2004), exercício de ruptura da fábula e de “diálogo com os mortos” da cultura brasileira, composto a partir de entrevistas de Müller e de temas do filme Terra em transe, de Glauber Rocha.
No mesmo ano, o grupo estréia Visões siamesas, um de seus textos mais complexos, que tem como ponto de partida um conto de Machado de Assis. A peça examina o processo social e psicológico de produção de imagens compensatórias em relação ao fracasso da experiência histórica.
As viagens da Companhia do Latão por todo o país em 2005, com um repertório de quatro espetáculos (o que não ocorria desde 1999) encerra um ciclo de trabalho do grupo. Os novos integrantes aliados a Helena Albergaria, Ney Piacentini, Martin Eikmeier e Sérgio de Carvalho dedicam-se no ano seguinte ao Projeto Companhia do Latão 10 anos, cujo objetivo é o resgate do acervo literário, iconográfico e videográfico.
A estréia em agosto de 2006 de O círculo de giz caucasiano, com direção de Sérgio de Carvalho e artistas oriundos de vários grupos de pesquisa, é mais que um retorno a Brecht. Inaugura um procedimento de cooperações e uma intensa produção de experimentos audiovisuais. O reconhecimento internacional se amplia com o convite a Sérgio de Carvalho para uma conferência na Casa Brecht de Berlim sobre a experiência em teatro dialético da Companhia do Latão. O círculo de giz caucasiano é apresentado em Havana onde obtém o prêmio Villanueva, como melhor espetáculo estrangeiro de 2007, concedido pela União dos Escritores e Artistas de Cuba. O Estúdio do Latão é inaugurado em julho do mesmo ano e passa a sediar oficinas e abrigar uma pesquisa teatral e audiovisual intitulada Ópera dos vivos, que se desdobra entre 2008 e 2009. No final de 2008 o grupo lança o livro Companhia do Latão 7 peças (Cosacnaify) e realiza o experimento videocênico Entre o Céu e a Terra. Os livros Introdução ao teatro dialético: experimentos da Companhia do Latão e Atuação crítica: entrevistas da Vintém e outras conversas (ambos editados pela Expressão Popular) são lançados em 2009.
Com sua dialética inspirada no dramaturgo alemão Bertolt Brecht, a Companhia leva aos palcos montagens que buscam fazer o espectador refletir sobre as condições impostas pela sociedade mercantilizada para, a partir dessa crítica, incitar o público a agir na sociedade, transformando-a de alguma maneira.
Ficha Técnica:
Texto final de Sérgio de Carvalho e Márcio Marciano com base em processo de criação coletiva, com a colaboração de Maria Tendlau, Ney Piacentini, Alessandra Fernandez, Adriana Mendonça, Heitor Goldflus, Helena Albergaria.
Direção de Sérgio de Carvalho e Márcio Marciano
Direção musical de Walter Garcia
Co-direção musical de Lincoln Antônio
Iluminação de Paulo Heise
Cenografia e figurinos de Márcio Medina
Produção de Ney Piacentini
Assistência de produção de Marcelo Vinícius e Douglas Estevan
Coordenação da equipe de vídeo de André Guerreiro
Elenco da estréia: Adriana Mendonça, Alessandra Fernandez, Heitor Goldflus, Maria Tendlau e Ney Piacentini. Participaram depois os atores Ana Cristina Petta, Beto Matos, Carlos Escher, Cátia Pires, Emerson Rossini, Gustavo Bayer, Helena Albergaria, Isabel Lima, Maurício Braz, Rodrigo Bolzan e Victória Camargo.
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