Dolores - Grupo Di-Ferente (Uberlândia)

Sinopse do Espetáculo: Dolores. Na Verdade quatro Dolores: uma que era dona de casa, mas queria ser livre; a outra que era virgem, mas estava insatisfeita; uma que era freira mas odiava o que fazia e, por fim, aquela que desgostava de ser prostituta por vocação. Um dia essas quatro mulheres se encontram.
O que será que se passa na cabeça dessas mulheres Dolores?

O Grupo Teatral Di-Ferente à partir de sua caminhada de mais de 25 anos no cenário teatral mineiro, tem como característico principal a busca por um teatro que “fale” com o grande público. A visão de que o espetáculo é feito para atingir em suas diversas dimensões tanto o leigo como o pesquisador sugere ao grupo um estudo das técnicas acadêmicas e sua constante experimentação junto ao público. Levar o rigor técnico das academias às praças, às escolas e às casas de espetáculos conseguindo “afetar” de modo simples e poético as pessoas, fazendo-as saborear a arte da vida declarada pelo teatro, é algo fundamental no caminhar deste grupo. Desta forma procura desenvolver além do trabalho de pesquisa feito pela Equipe Laboratório, outras duas frentes de trabalho permanentes, que são: Vaidoso, que trabalha com atores e atrizes da terceira idade por meio de poesias e poemas; e Oficina, que ministra oficinas de preparação e desenvolvimento de novos atores. Com isto, o grupo participa das diversas ações culturais da cidade e colabora para a formação de público, a criação de novos espaços para a arte, a criação de novos profissionais e o desenvolvimento cultural mineiro, valorizando os profissionais locais e dando-lhes oportunidade de se projetar na área.

Prazer, meu nome é Dolores.

A busca de uma linguagem diversificada de seu repertório anterior e o anseio por novos desafios na linguagem teatral veio a calhar com o convite feito ao diretor carioca Ribamar Ribeiro. Esta nova força teve o intuito de trazer uma base prática e conceitual de qualidade ao novo processo de pesquisa da Equipe Laboratório do Grupo Teatral Di-Ferente após estes 25 anos de caminhada. A fusão da pesquisa teatral do diretor carioca Ribamar Ribeiro - teatro narrativo e sua pesquisa corporal e cênica - à vitalidade dos atores da companhia e sua investigação na cena teatral contemporânea, proporcionou a criação do espetáculo “Dolores”. Uma peça teatral que leva ao palco a busca das mulheres e seus desejos, através do universo e olhar do feminino da autora Ivana Arruda Leite.

Este espetáculo tem como intuito instigar dentro de cada pessoa as paixões e as armadilhas que a vida nos propõem a cada dia, quais são nossas escolhas e o que elas nos levam a ser perante o meio social. “Dolores” quer mostrar que dentro de cada um pulsa um desejo, um grito escondido entre paredes, um prazer quase que devasso de agarrar a vida na sua plenitude.

O espetáculo teve sua estréia em outubro de 2008, no Projeto Boca de Cena, em que foi selecionado entre os melhores projetos teatrais da cidade de Uberlândia. Permaneceu em cartaz durante dois finais de semana e voltou a ocupar os palcos de Uberlândia em novembro, na Mostra Nacional de Teatro, no qual também foi selecionado com um dos trabalhos de destaque da cidade. “Dolores” ainda este em cartaz por mais um fim de semana na cidade de Uberlândia no mês de março e agora se prepara para participar de festivais e apresentações no estado de Minas Gerais e interior paulista.

[a autora]

“O que faz a mulher ao criar? Talvez um dizer sobre si mesma; uma tentativa de construir, fora de seu corpo, o falo da fala e assim introduzir-se no mundo.”

MARIA RITA KEHL

Ivana Arruda Leite (Araçatuba –SP, 1951) é mestre em sociologia pela USP e autora de diversas obras. Publicou alguns contos e romances, enfocados no universo feminino e juvenil. Seu primeiro livro, “Histórias da Mulher do Fim do Século”, foi publicado em 1997. Cinco anos depois, Ivana lança outra obra com o mesmo tema: “Falo de mulher”. Em 2003, a autora começa a explorar a juventude com o livro “Confidencial - anotações secretas de uma adolescente”. A escritora também publicou contos nas revistas Ácaro, Coyote e PS.SP. Participou de diversas antologias como “Putas – o melhor do conto brasileiro e português”; “Geração 90: os transgressores”; “Ficções fraternas”, entre outros. Em 2006, seu livro “Ao homem que não me quis” foi indicado ao prêmio Jabuti.

[dramaturgia]

“O teatro consiste na apresentação de imagens vivas de acontecimentos passados no mundo dos homens que são reproduzidos ou que foram, simplesmente, imaginados; o objetivo dessa apresentação é divertir. Será sempre com este sentido que empregaremos o termo, tanto ao falarmos do teatro antigo como do moderno.”

BERTOLT BRECHT

Aproveitando a contemporaneidade da autora, com contos modernos e uma forma literária espontânea, a transformação da estrutura literária para o narrativo foi imediata e interessante. Aproveitando a escrita de Ivana para o universo feminino, pois é uma mulher que escreve sobre mulheres, mas fazendo com que todos se interessem trazendo a universalidade do tema feminino. Dentro da estética do teatro narrativo percebe-se três focos do narrador, ou ainda três narradores distintos: o narrador externo – aquele que comenta de forma distanciada a ação sem ser visto, o narrador interno, aquele que como um personagem figurante que mesmo sem ser visto comenta e se envolve na ação; e o narrador–personagem, como protagonista e agente da trama. Trazendo para o texto, a dramaturgia vai caminhar nesta direção jogando com a neutralidade e envolvimento, o próximo e o distanciado, criando um paralelo com a estética e o público.

[atores]

“Somente artistas unidos por verdadeira simpatia num Conjunto Improvisador podem conhecer a alegria da criação desinteressada e comum.”

MICHAEL CHEKHOV

Trazer a tona o frescor da espontaneidade, o jogo corporal, a voz como elemento da narrativa é do ator. “Dolores” trará a seus intérpretes a busca da personagem dentro da estrutura do teatro essencial, modificando através da neutralidade os estados diversos da narração. Dentro da perspectiva de trabalhar principalmente o foco e as nuances do olhar o plano da cena se transforma e a cada momento sugere o aparecimento de uma nova forma de se revelar esta história.

As quatros atrizes e um único ator em cena são convocados a mostrar e contar os fatos/lugares/pessoas que esta história envolve, fazendo de suas marcações rígidas, partituras de uma brincadeira num espetáculo no qual os atores partem de um descompromisso gostoso a um secar de gargantas emocionado. A loucura, sutileza e energia que envolve cada cena faz do espetáculo uma caixinha de surpresas que em cada gesto gera no seu espectador a reflexão de ter em algum lugar de si uma tempestuosa “Dolores”.

[concepção e direção]

"Esta vida é uma estranha hospedaria,
De onde se parte quase sempre às tontas,

Pois nunca as nossas malas estão prontas,
E a nossa conta nunca está em dia."

MARIO QUINTANA

Buscar um conceito fragmentado tanto na estrutura cênica quanto espacial, ou seja, o espaço cênico será uma ruptura com o palco, pois espaços diversos serão utilizados, nos quais a platéia será um ouvinte-participante dos acontecimentos que serão narrados. A vivência da história, juntamente com os atores, pois os espectadores percorrerão o espaço de acordo com a estrutura da sala ou casa onde será apresentada. Este espaço não será um limitador, mas sim um formato inovador para ambas as partes. O jogo feminino das palavras e a sensualidade existente no caminhar do texto serão aprimorados esteticamente pelos atores que possuem especificidades em sua estrutura física e de atuação. As marcações de cena precisas (coreografadas e simétricas – um rigor quase fotográfico), repetições de partituras, marcações e textos são envolvidas por músicas e cantigas fazendo com que as modificações necessárias sejam promotoras das transferências das personagens em questão.

“Buscar o novo. Sempre tento buscar o novo e cada vez mais é um desafio. Ao receber o convite deste grupo, fiquei honrado e ao mesmo tempo pensativo: seria algo novo! Pessoas novas, pensamentos novos! Mas ao aceitar, percebi que o teatro realmente é algo magnífico e estarrecedor. A confiança do grupo no trabalho e a disponibilidade plena de cada componente. A história de cada personagem foi vivenciada por estes atores no nosso processo. Breve e intenso. A eterna busca pelo novo é desafiador! Ainda estamos à procura.

Assim como estas mulheres Dolores!”

Ribamar Ribeiro

[a iluminação]

A iluminação desenhará o espaço da atuação, como janelas que se abrem para as histórias, trabalhando com corredores e focos recortados, lembrando pequenos espaços onde estes atores podem se revelar por inteiro .

[a indumentária e visagismo]

O figurino mesclará o clássico e o moderno, mas sem enfatizar uma época específica, deixando mais evidente as personalidades de cada personagem nos figurinos individuais. O uso de sobreposições de detalhes, figuras em colagens e aplicações artesanais fazem do figurino quase que a história de cada indivíduo. Nestes figurinos são impregnados partes da trajetória de cada personagem, símbolos de seus desejos e uma poluição de pensamentos e percepções de mundo. A sensualidade das mulheres não é renegada trazendo em seus vestidos ora formas soltas e leves ora partes colantes e voluptuosas. O homem, como em sua própria condição dramatúrgica já o diz, é um ser onírico, caracterizado pela sua figura limpa de todas as amarguras e denotando um ser quase celestial a estas mulheres. Isto faz com que seu figurino seja limpo, branco e sem detalhes, dando vasão a significações múltiplas de sua personagem. A linha a ser seguida pelo visagismo acompanha o que a indumentária pede a cada personagem, sendo dedicada a cada personagem a vasão de seu elemento principal.

[a cenografia]

A cenografia se mostra simples, limpa, estará desenhada apenas por cadeiras que farão os planos diversos desta história, acompanhadas em alguns momentos de malas que servirão como fio condutor de cenas. Estes objetos cênicos farão, juntamente com os atores, as quebras propícias às ações e trarão através do gesto e palavras as modificadções de acordo com o desenvolvimento da trama.

[currículo do diretor]

Eu sou apenas uma célula, uma pequenina célula que procura ser útil na fidelidade da função.

CÂMARA CASCUDO

Ribamar Ribeiro é um dos diretores jovens de grande destaque no panorama teatral contemporâneo da atualidade. Dirigiu 30 espetáculos teatrais. Com uma proposta ousada e nova de releitura de Clássicos e com a moderna proposta da linguagem narrativa e corporal. Além de sua formação artística como Ator e Diretor, possui uma pesquisa aprofundada no Teatro Social devido a sua formação em Ciências Sociais. Criador da estética do Teatro-Seminário, no qual existe um aprofundamento da pesquisa de autores e sua vida, transformado isto em uma linguagem narrativa e dinâmica.

Como dramaturgo escreveu diversos textos entre dramas, comédias e textos para a infância e juventude. É Diretor Artístico de Os Ciclomáticos Cia. de Teatro, Cia. de Teatro e Música Galpão das Artes, Cia. Círculo Teatral, Grupo de Teatro Maldito e Cia. de Teatro Fios da Roca, Os Cênicos e Cutucurim Cia de Teatro. Como professor de interpretação desenvolve um trabalho no SENAC Rio há 5 anos. Como Ator já trabalhou com André Paes Leme, Marília Martins, José da Costa, Nanci de Freitas e Antônio Abujamra. Possui mais de 30 prêmios em todo o Brasil, entre eles, o Prêmio Pruri, Elisabeth Savala, Paschoalino, FENATA. Um de seus últimos trabalhos foi como assistente de direção de Antonio Abujamra em São Paulo, na FUNARTE, no Projeto Geografia da Palavra, através do Ministério da Cultura. E também jurado de diversos festivais nacionais dentre eles: Festival Regional de Goiânia, Festival Nacional de Teatro de Manaus.

ficha técnica

Texto e Direção: Ribamar Ribeiro

Livre adaptação dos Contos: Dolores 1, 2, 3 e 4 de Ivana Arruda Leite

Indicado para maiores de 14 anos.

Elenco:

Aryadne Amâncio – Dolores

Fernanda Audrila – Dolores

Ilmara Damasceno – Dolores

Johnny Charles – Homem de Branco

Susilene Feoli – Dolores

Assistente de Direção: Guilherme Almeida

Cenografia: Ribamar Ribeiro

Figurinos e Visagismo: Aryadne Amâncio e Ribamar Ribeiro

Adereços: Susilene Feoli

Costureira: Juvercina Ribeiro

Preparação Corporal: Johnny Charles

Operação de Luz: Larissa Julio

Operação de Som: Bárbara Cardoso

Concepção de luz: Ribamar Ribeiro

Concepção de som: Ribamar Ribeiro

Programação Visual do Projeto: Aryadne Amâncio

Programação Visual de cartazes: Leonardo Cherulli

Memorial Fotográfico: Ricardo Borges

Produção Executiva e Artística: Susilene Feoli e Aryadne Amâncio

Realização: Grupo Teatral Di-Ferente

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