Sinopse do Espetáculo: Baseada nas obras “Dom Quixote” de Cervantes, “A verdadeira história de Sancho Pança” de F. Kafka, e nas histórias de Chicho Vargas e outros presos políticos da ditadura argentina dos anos 70, nas imediações da prisão de Rawson.
Dois presos políticos, pressionados pelas circunstâncias emocionais e físicas, se encontram todos os domingos ao entardecer para contarem a história de Dom Quixote e Sancho Pança; o fazem com as limitações mais estremas devido ao fato de estarem encarcerados numa prisão de segurança máxima, mas também com a necessidade vital de contar-se uma história que os salve, que os transporte a uma aventura humana situada na imaginação, esse lugar onde a realidade mais cruel não pode chegar, lugar onde a dor mais intensa possa ser abrandada pelo ato de imaginar outra realidade..
Assim reinventam continuamente a Dom Quixote, esse cavaleiro que confunde moinhos com gigantes, camponesas com donzelas, cárceres com paraísos e que se exila na alucinação, nessa estranha desordem que não faz mal a ninguém, mas que ajuda profundamente a viver.
Acreditamos que Cervantes realizou o mesmo exercício ao começar a escrever “Dom Quixote” desde a prisão, a presença do confinamento e da privação de liberdade, o constante bloqueio da razão e do que, racionalmente, deve ser a ordem percegue constantemente ao herói “Dom Quixote de
Sobre o espetáculo. Gerson Guerra e Arístides Vargas empregam o mesmo procedimento que empregavam os presos políticos da ditadura argentina nos encontros culturais que os internos de Rawson, de forma secreta realizavam no cárcere, não com um propósito exclusivo de reabilitação e testemunho, mas também com a intenção de poder explorar a limitação como prática artística, a economia de gestos e expressividade como técnica de narrar Dom Quixote.
A obra apresenta distintas leituras em seus diferentes níveis, como o gestual, o dramatúrgico, o espacial; todos atravessados constantemente pela vigilância e o controle desde fora, desde uma periferia opressiva que atua como presença invisível.
Não há emprego de tecnologia, há vazio e atuação, há organização do vazio e a luz como proposta para contar a história de Dom Quixote e Sancho Panza. Não se trata de uma atuação minimalista, é uma atuação oculta e reprimida por uma circunstância de vida. O teatro, então, não é um recurso cultural, não busca legitimar-se em uma vanguarda, busca salvar nossa imaginação, que o cárcere não chegue até ela, que a capacidade de imaginar não seja derrotada.
Breve texto sobre o grupo
Teatro Malayerba é uma agrupação teatral com 25 anos de formação. Radicada
O grupo nasceu em Quito, no ano de 1979. dois anos depois se institui legalmente como “Associação Cultural Taller de Teatro Malayerba”, sem fins lucrativos, com caráter absolutamente independente e destinado à promoção de um teatro latino americano que expresse sua realidade com uma linguagem própria.
Em busca dessa linguagem própria, no ano de 1977, depois de uma série de seminários realizados, e em visto dos resultados obtidos pelos mesmos, criou-se o “Laboratório Teatral Permanente” na cidade de Quito, sem um endereço fixo, já que o grupo não possuía sede própria.
As aulas aconteceram em diferentes lugares: Galeria Artes, Fundação Quito, Aliança Francesa, Universidade Central, Casa da cultura Equatoriana e o Centro Espanhol. Até que, em dezembro de 1995, e graças aos fundos recorridos em um edital, o grupo compra uma casa situada na “plazoleta de Belén”, onde está desde janeiro de 1996.
Nesse mesmo ano, Malayerba recebeu a Medalha Nacional ao Mérito Teatral por parte da Casa da Cultura Equatoriana Benjamin Carrión.
Em 2001 nasce a revista “Hoja de Teatro”, sob a direção de Daysi Sánchez, como instrumento para a crítica, a teorização, o pensamento do teatro. Este documento dirigido tanto para quem integra o laboratório (alunos e professores), quanto para todos que se envolvem com Malayerba (público, artistas), pretende recorrer às experiências tanto a nível individual quanto coletivo de nosso espaço e também do cenário teatral da cidade.
Em seus vinte e sete anos de existência, Malayerba, é formado por uma equipe de atores profissionais de distintas origens, distintas nacionalidades, distintas culturas e procedências. Importante dizer que esta mistura não só é possível, como pode construir uma identidade, uma unidade com base na diferença e enriquecida pelas diferenças. Já foram realizadas 21 montagens, apresentadas por todos os estados equatorianos, para públicos diversos. Da mesma maneira, tivemos a oportunidade de representar ao Equador em várias ocasiões em festivais nacionais e internacionais. Participando também em obras de outros grupos do Equador e de outros países, assim como excursionando no cinema e na televisão, sem deixar nunca de lado o aporte da comunidade.
A Casa Malayerba, sede do grupo, na atualidade mantêm uma sala de teatro com capacidade para sessenta pessoas.
Ficha Técnica:
Texto e direção: ArístidesVargas
Elenco: Gerson Guerra y Arístides Vargas
Cenografia: Grupo Malayerba
Figurino: José Rosales
Muito interessante, mas por favor, coloquem o contato do grupo para que possamos entrar em contato com eles. Vale muito conferir.
ResponderExcluirobrigada.